A direção do Atlético-MG tem como meta não repetir os erros do Cruzeiro, com dívida bilionária, mergulhado na Série B. E já começa a cobrar caro dos torcedores pela ‘seleção’ que montou
Há um significativo motivo para o presidente do Atlético Mineiro, Sérgio Costa, ter focado muito mais no pedido de os atleticanos se tornarem sócios-torcedores do que em celebrar a contratação midiática de Diego Costa.
A singela razão é a dívida de mais de R$ 1,3 bilhão.
O clube segue sua filosofia arriscada de depender de mecenas.
Rubens e Rafael Menin são donos da construtora MRV. E outras empresas importantes como o canal de notícias CNN Brasil, além do banco Inter.
Ricardo Guimarães, dono do Banco de Minas Gerais, o BMG.
E Renato Salvador proprietário do hospital Mater Dei
Todos emprestaram dinheiro ao clube.
O plano foi simples e ousado. Construir um estádio para o clube, montar um time com força para ter a hegemonia na América do Sul.
Para ganhar dinheiro com transmissão, patrocinadores e com sua fanática torcida, que chegaria a oito milhões, de acordo com projeções da imprensa mineira. Não há levantamentos recentes sobre torcidas no país.
A perspectiva, com o estádio de R$ 560 milhões, para 46 mil pessoas, é estar pronto em outubro de 2022. E com a projeção otimista de não haver pandemia. O clube espera o estádio lotado em todos os jogos. Por conta da força do time.
Mas para isso, os sócios-torcedores são fundamentais, com suas mensalidades.
A meta é ousada.
Alcançar até a inauguração do estádio cerca de 200 mil sócios-torcedores.
Por enquanto, há cinco planos, que variam entre R$ 10,00 e R$ 55,00. O maior atrativo é desconto no pacote de ingressos.
O desejo da diretoria é assegurar como, por exemplo, o Barcelona, pelo menos 85% das entradas aos sócios-torcedores. E vender os demais ingressos, com preços ‘cheios’ aos ‘torcedores comuns’.
Além de multiplicar a venda de camisas e produtos licenciados pelo clube.
Mas antes disso, a realidade.
As dívidas atleticanas seguem crescendo. Os mecenas emprestam dinheiro ao clube. Com fez Rubens Menin para a contratação de Diego Costa. São 16 meses, pelo menos. R$ 1,5 milhão a cada 30 dias. Mais premiações por conquistas, artilharia.
O plano dos bilionários atleticanos é fazer o time acumular títulos. E se tornar irresistível aos torcedores.
Mas tem custos.
A folha de pagamento do Atlético, com Diego Costa, chegou a R$ 12,6 milhões.
Para assegurar esse elenco de estrelas, os mecenas garantiram que não haverá atrasos de salários.
Para isso, o clube quer a participação efetiva do dinheiro da torcida.
Precisa desse amparo financeiro.
Os dirigentes do Atlético e os mecenas trabalham muito mais preocupados com cada detalhe. Por conta do que aconteceu com o grande rival, o Cruzeiro.
Também dono de dívida bilionária, está mergulhado na Segunda Divisão desde 2020. E a perspectiva de volta à Série A em 2022 é remotíssima. O medo segue de rebaixamento para a Terceira Divisão.
O número de sócios-torcedores do Atlético mais do que triplicou em 2021, com a contratação de medalhões.
Era pouco mais de 21 mil no início do ano. Está em 67 mil. Com a campanha, pressão, para que chegue a 100 mil.
O Cruzeiro, em compensação, não para de perder sócios-torcedores, com a péssima campanha na Segunda Divisão. A estimativa é que sejam pouco mais de 38 mil. Projeção otimista.
Um conquista relevante é fundamental para o Atlético em 2021.
Como a ‘seleção atleticana’ está sendo montada durante a temporada, o desejo real, e factível, é o Brasileiro. Cuca sabe e tem tentado aproveitar cada jogo, mesmo fazendo com que seus atletas descansem menos do que gostaria.
Mas vencer a Libertadores seria ‘fabuloso’. O time está a um passo da semifinal. Basta não perder para o River Plate, no Mineirão, na quarta-feira.
E o clube já quer começar a recuperar o dinheiro investido.
Desde já, com o país ainda vivendo a pandemia.
Os ingressos vão de R$ 320,00 até R$ 620,00.
Há, por lei, a cobrança de meia entrada para estudantes e idosos.
O preço mais barato, portanto, é R$ 160,00.
As entradas do jogo entre Flamengo e Olimpia, em Brasília, vão de R$ 140,00 a R$ 500,00.
Até hoje pela manhã ainda havia ingressos para cinco setores do estádio.
O clube torce para que todos os 18.567 ingressos, 30% da capacidade do estádio, liberada pela prefeitura de Belo Horizonte, sejam vendidos.
Não há segredo.
Para o Atlético Mineiro ter a hegemonia do futebol do Brasil, da América do Sul, o dinheiro de sua torcida apaixonada é fundamental.
O clube que mais investiu em 2021 já começou a cobrar.
E caro…
Fonte: R7