Até o final do ano, um novo restaurante do grupo Coco Bambu deve abrir as portas a cada 25 dias – pelo menos. Essa é a projeção do fundador da marca, Afrânio Barreira, que estima um total de 100 lojas até 2024. Todo esse otimismo vem depois de um 2021 que marcou a recuperação da pandemia e o primeiro bilhão de faturamento. Mais precisamente, R$ 1.024 bilhão.
Agora, a meta é abrir mais 12 restaurantes do Coco Bambu e do Vasto (marca de grelhados do grupo) até o final do ano, totalizando 76 operações, com um faturamento de R$ 1,5 bi. A conta inclui uma megaloja de dois andares em Recife (PE), que deve ser inaugurada nos últimos meses de 2022.
A empresa conseguiu a proeza de não fechar nenhuma das casas nos últimos dois anos. Mais: inaugurou 20 novos restaurantes, sendo sete só em 2020, o ano mais crítico da história da marca. No primeiro ano de pandemia, teve um tombo de 15% no faturamento em relação ao ano anterior, mas conseguiu deixar isso na história. Agora, Barreira só quer olhar para o futuro. O investimento previsto para as inaugurações deste ano é de até R$ 130 milhões.
O empreendedor se orgulha em dizer que a empresa, que tem mais de 30 anos de história (contando os anos de Dom Pastel), nunca precisou recorrer a empréstimos ou contrair dívidas — nem mesmo na pandemia. Em 2020, ele afirma que precisou mexer em apenas 10% da reserva para emergências da marca. “Diante da gravidade da crise, foi algo muito plausível.”
Uma das receitas que ajudou o Coco Bambu a passar por esse momento foi transformar os restaurantes em uma “indústria de delivery”. Hoje, com as reaberturas, o canal ainda representa cerca de 15% do faturamento — 25% só no aplicativo oficial.
Mais de 80% da curva ABC do Coco Bambu são proteínas. Por ano são vendidos três milhões de quilos de camarão nos restaurantes, além de 300 toneladas de peixe (de salmão a pescada amarela). A logística é descentralizada, cada sócio tem autonomia para buscar fornecedores locais.
Cada restaurante do Coco Bambu tem dois sócios-operadores locais, que detém, juntos 24% do negócio — o restante é da família Barreira. Além deles, cada casa funciona com um diretor-executivo contratado, responsável pelo gestão.
Mesmo com essa característica de abastecimento regional, os restaurantes de Barreira não têm passado imunes ao aumento generalizado de preços, que atinge com força o setor de alimentação. O empreendedor tem se reunido semanalmente com os sócios para acompanhar a situação dos preços.
“No comércio não se pode ser nem guloso nem medroso. Sempre tentamos colocar o menor preço possível para termos o melhor retorno possível do nosso negócio. Por outro lado, não podemos ser medrosos. Se tiver medo de repassar os custos para a frente, o negócio não se paga. O que precisamos é dar um atendimento ainda melhor para o consumidor, para que ele sinta que o preço vale.”
Ele conta que cada item do inventário tem seu custo reavaliado conforme as alterações de preços, o que muda os custos do cardápio proporcionalmente. No momento em que determinado item diminui o custo, ele atualiza automaticamente a tabela. Justamente por isso, ele não diz qual foi o percentual repassado aos consumidores, pois o valor pode variar.
“Tivemos um aumento muito forte de carne há alguns meses e o cardápio sentiu. Agora, quando baixar o preço, o cardápio vai sentir novamente. Temos ansiedade por baixar preço quando as coisas aliviam o pé.” De acordo com ele, o tíquete médio atual gira em torno de R$ 60, mas pode variar de acordo com a região.
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